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Terê Penhabe, brasileira, viúva, residente em Santos – SP, licenciada em Letras (1986), teve várias participações e premiações em concursos literários, referente à poesias e crônicas, bem como diversas publicações em Antologias Poéticas e Revistas Literárias.
Primeiro livro publicado: “Amor em verso e prosa vol I, em agosto 2009, disponível para aquisição na sua página pessoal. |
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SONETO PARA MINHA TRISTEZA
Sou presa fácil da incredulidade,
Pelo que vejo escrito no destino,
Tal qual a travessura de um menino,
Que só sabe fazer barbaridade.
Se creio... o que resulta é ingenuidade,
E tudo que eu começo, não termino,
Acabo sendo um triste peregrino,
Constantemente em busca da verdade.
E a culpa se rebela em minha mão,
A fustigar meus sonhos mais queridos,
Que seguem tropeçando, doloridos...
Da vida, quero agora, só perdão...
Pela tristeza insana em minha porta,
Que só faz mal já que a ninguém conforta.
"GRAN FINALLE"
Foste cruel, Senhor, bem sabes disso!
Com teu descaso pela minha história.
Consideraste válida a vitória,
Sem perceberes pódio alagadiço.
Julgaste sem critério e qualquer siso,
A minha causa em tua trajetória,
Colhendo louros sem direito à glória,
Usando a cor dos olhos e o sorriso.
Desse ufano discurso tão prosódico,
Sobrou-te vender verso a preço módico,
Porque de há muito já és liquidação...
És trapo sujo posto sobre a banca,
Que de outras mãos ninguém jamais arranca...
- Eis o teu "gran finalle", vil sultão!
DOA-SE UM CORAÇÃO...
Doa-se um coração,
que sequer sonha com os lances de um leilão...
Um coração puído, esfarrapado,
pela ilusão de um sonho malfadado.
Um coração vagabundo,
que inconsequente, amou demais!
Mas nunca foi amado...
Sempre ingênuo e confiante,
acreditou nos maiores absurdos,
na paixão, no amor-amigo
e acabou sempre sozinho,
abandonado, esquecido...
Doa-se um coração...
que já não serve para quase nada.
Que bate lento, numa batida compassada,
com medo de explodir...
Um coração que foi roubado,
tripudiado, enganado...
e mesmo assim,
insiste em bater...
não quer morrer.
E aos interessados, se houver,
porque não houve nenhum em ofertas passadas...
Mas ainda assim, afirmo
que tem dentro dele toneladas de carinho,
para serem doadas...
A condição?
É uma só, já difundida...
- Por Deus! Poupem-me de ser novamente,
traída...
PARA VOCÊ, QUE NÃO AMO...
Você chegou de mansinho,
Meio arisco, reticente...
Como chega um passarinho,
Que está procurando ninho,
Mas não quer contar pra gente.
Falou tanto, tanto tempo!
Falou quase sem parar.
A prosa sem contratempo,
Virou doce passatempo,
Continuei a esperar...
Sabendo que para ouvir,
Não tinha pressa nenhuma...
Comecei a refletir,
No que eu estava a sentir.
No mar, aumentava a bruma...
Não chamaria de medo,
Mas tampouco de coragem...
Senti ao ver o rochedo
Acenando o meu segredo,
Como quem faz sacanagem.
Naquele exato momento,
Num ato de covardia
Fugia-me o pensamento
Quase gritando o lamento,
De não ter quem eu queria.
E a tarde foi cochilando,
Nos braços daquele mar!
O sol, de leve apagando,
A lua e estrelas chegando,
O dia foi se deitar...
Meu sonho eu vi tropeçar,
Entre as pombas na pracinha...
Querendo se embriagar,
Para esquecer, apagar
Toda a fé que já não tinha.
Se fosse como eu queria,
Como tudo que esperei,
Bem mais tempo esperaria,
Se eu soubesse que teria,
O encanto com que sonhei.
Certeza veio depressa:
- A gente ama a quem ama!
Que razão bandida é essa,
Contra a qual ninguém se estressa?
Dorme no chão tendo cama...
Mas quem manda é o coração!
A vontade é uma mucama,
Que aos caprichos do patrão,
Como o amém de uma oração,
Entrega-se e não reclama.
Eu só pude comprovar,
Tese antiga e pardacenta:
Esse tal de verbo amar,
Que vive-se a procurar...
Amor nasce, não se inventa.
E quem dera a todos nós,
Que se pudesse escolher...
Rio nenhum escolhe a foz,
Que seja lento ou veloz,
Só espera acontecer.
E me dói ter que falar:
- Minha foz não é você...
Por mais que eu ande a rolar,
Sobre as pedras rumo ao mar
Basta olhar, qualquer um vê...
Eu não tenho desejado.
Acontece sem querer...
Meu coração descarado
Gosta de ser desprezado...
O que é que eu posso fazer?
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